Conversar sobre morte muitas vezes pode parecer complicado em todas as etapas da vida, mas esse assunto tende a ser um tabu ainda maior quando consideramos a infância e a adolescência.
É comum a tendência do adulto evitar falar sobre o tema com eles e afastá-los, porém essas são justamente as atitudes que podem bloquear seus desenvolvimentos.
O assunto pode ser abordado de forma lúdica com livros ou filmes que abordam o tema. A ideia é falar de forma aberta e escutar seus sentimentos, legitimando-os e tirando suas dúvidas da forma mais clara o possível.
Quando falamos apenas da infância, tomando como base a teoria de desenvolvimento de Jean Piaget, podemos considerar três estágios:
Estágio pré-operacional (de 2 a 7 anos): aqui a criança ainda não adquiriu as dimensões sobre universalidade, não funcionalidade e irreversibilidade. Nesta fase as crianças têm pensamentos egocêntricos, não tendo uma capacidade de pensamentos através de consequências de uma ação. Assim elas percebem a morte como algo imediato e a separação com a morte é percebida pelo fechamento dos olhos.
Estágio das operações concretas (7 a 11 anos): elas já percebem a morte como algo universal e irreversível, mas não são capazes de estabelecer generalização. Elas correlacionam morte com idades mais avançadas e a percebem de forma mais óbvia, como: o morto não pode falar ou comer.
Estágio das operações formais (a partir de 11 anos): ela já entende a morte nas suas três dimensões fundamentais e conseguem pensar de forma abstrata, fornecendo explicações lógicas, categóricas e de causalidade, reconhecendo a morte como uma outra parte da vida.
Já na adolescência, em que os jovens adquirem a individualidade e podem acabar criando a percepção de si mesmos como solitários, a morte pode gerar sentimentos de vulnerabilidade, tanto própria quanto de alguém importante para ela. Dessa forma a perda de um amigo ou colega íntimo pode ser tão desestruturante quanto à perda dos pais nesse período.
Thaísa Cavalcanti | CRP 01/22276
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